Tempo e Espaço

Eu sou o teu tempo,

tu és o meu espaço

Se tu me deixas,

arrancas de mim um enorme pedaço

O teu ser me preenche

O meu em ti te imortaliza

Sem ti, eu sou vazio

Sem mim, a tua história não se concretiza

Se tu me deixas,

nada eu sou

Se eu te rejeito,

tu serás como quem nunca por aqui passou

Se separados,

o que há de belo em nós se finaliza

Juntos, o vazio deixa de existir

e o nosso ser se eterniza

Tripartite

Eu pensava que,

aqui,

paletó fosse sobreveste de barão

Mas descobri que é roupa de lá

Drão!

É a bela música que fala do imenso monólito,

que, na verdade, não é o amor

É a grande pedra que há,

da velha e conhecida poesia,

no meio de nosso caminho

Constituída pelo bloco daqueles que estão sob esse cobiçado sobretudo, sobretudo

Eu pensava que terno,

aqui,

fosse também vestuário  de Silva

Mas descobri que é roupa somente de Sá

Fado

É o ícone cultural português que,

lento e triste,

controla, até hoje, os episódios daqui

E faz com que os acontecimentos independam da vontade da maioria

Eu pensava que,

aqui,

gravata fosse acessório de branco

Mas descobri que ela é a própria cor

Reia

É a deusa da fertilidade que,

Aqui, erroneamente,

é passada envolta do pescoço do povo pobre

E, diariamente, com um nó, enforca-nos, enforca-nos