Eu,
ser inseguro,
demasiado impuro,
em que o estar em cima do muro
designa minha segurança
Eu,
ser da incerteza,
de pouca firmeza,
cujas singelas cartas, jogadas à mesa,
fazem-me ter uma leiga noção do que é certo
Eu,
ser ignorante,
de espantoso semblante,
engano-me a todo instante,
julgando-me de tudo eu saber
Eu,
ser subjetivo,
que sequer sei qual o conceito de substantivo,
fico a todo tempo dando uma de construtivo,
adjetivando-me eu bondosamente a mim mesmo
Eu,
ser desprovido de verdade,
com persuasiva argumentatividade,
faço eu de minha falaciosidade
o sentido do existir
Eu,
ser impensante,
pois penso que penso a todo instante,
e isso não chega ao mínimo montante
do que seja o pensar
Eu,
ser imperfeito,
fincado em um singular sujeito,
abro a minha boca e bato em meu peito,
ratificando que o essencial do ser é ser um ser variado
Eu…
Primeiro eu, sempre eu
Tudo eu, certo eu
Eu?
Não fui eu