Teleológico

Estar aqui, para mim,

é torturante

Uma conspurcação grandíloqua

afeta a minha percepção

 

Logo, o meu corpo

é subjugado

por um atípico e sacal sentimento

 

Penso em sair, correndo, daqui

Sem embargo, sou impedido,

por mim mesmo,

em fazer isso

 

É que me sujeito ao momento,

achando eu

que é possível a existência

dessa suposta linearidade teleológica

de causa e efeito

Cujo fim,

a gente procura sempre fantasiar

que será algo bom

 

 

 

Copiosa coisa pensante

Eu sou puta,

e não prostituta

Mas cobro

E cobro barato:

somente o necessário

para ter o meu feijão ao prato

 

Eu não tenho fama,

tampouco grana

Pois não corro atrás de bola,

preferi ir à escola

Envergonho-me de, em todo tempo, ser agraciado

não quero, pois, cair no vício de pedir esmola

 

Semelhante a um casal, em sua intimidade,

sou uma tremenda puta em meu trabalho

O contrário tão somente,

é que faço tudo,

e nada valho

 

Puta…,

putativo cidadão eu sou,

suposto vivente entre os nobres senhores

Valho somente enquanto ensimesmado

fora isso,

sou privado de quaisquer valores

 

Rotularam-me de meretriz,

e isto é um grande e quase irreversível mal

pois, sendo assim,

eu certamente nunca ascenderei

Sobreviverei eu sempre na horizontal

 

Quão patológico é este tal de Capitalismo,

cujo sufixo mui me contaminara,

feito certa espécie danosa de vírus

ou qualquer outra mortal doença rara