A única coisa sobre ti,
que eu ao menos consigo vislumbrar
é que, entre todas as espécies de beleza,
tu és a bela
Sem embargo,
a tua natureza, ao que percebo,
impede-me de expressar sobre aquilo
que há de mais esplendoroso ao teu respeito
Descubro, neste momento,
quão simplórias são as palavras
Elas se curvam diante de teu ser
e, silentes, fazem com que o logos
se assemelhe a mero sujeito taciturno
De estrutura indizível e inexplicável,
tu és o universo,
cuja representação imagética transcende à cosmogênese,
bem como à cosmolologia
Afinal,
submerso pelo paradoxo que tu me concedeste,
sou forçado a me calar
Digo, sou obrigado apenas a dizer
que não há termo que possa te nomear,
tampouco possível de exprimir-te através de qualquer discurso
Deslumbrado,
o que me resta é, simplesmente,
a contemplação