Mãe Maiúscula

O racismo está sempre em discussão,

o não é nada mal

Enquanto isso, fazemos da África nosso quintal,

criatório de animal

 

O negro lá ainda existe

De fome, boa parte não resiste

Uma outra, muito persiste

E, num olhar demasiado triste,

pede-nos salvação

 

E com esse pedido nos sentimos deuses

E, com o poder nas mãos,

damos a sentença a esta primária nação

Morra, então!

Pois, já que sou um deus,

posso ser cão

Cão de destruição!

Genocida, meu irmão!

 

E na fertilidade desta terra

negro após negro germina

Nenhuma força endeusada,

contrária, cruel, o extermina

Pois minha raiz está fincada em tu

Terra Mãe, menina!

 

Contraceptivos biológicos

lançaram contra ti,

mas resisti

Eu nasci, não morri

Estou aqui

Genérica Mãe, Mãe de todos

 

 

Clamor do Barão

Negro da canela fina,

por favor me ensina

como é que se domina

a mulher que tu te puseste a me roubar

 

Negro da canela fina,

agora é a minha sina

ouvir de Katherina

que ela gosta é de ti e não quer mais comigo morar

 

Negro da canela fina,

que roubaste a minha menina,

eu te dou uma vida granfina

para que tu possas a minha amada deixar

 

Negro da canela fina,

que com tua lábia muito fascina,

eu te ofereço uma boa propina

para convencer a minha mulher de ti deixar de gostar

 

Negro da canela fina,

eu já estou é na ruína,

de tanto que o povo me abomina,

porque a minha sinhazinha tu vieste me tomar

 

Por obséquio não me negues, não

Pois está corroendo meu coração

ver minha esposa em teus braços, negrão

Negro da canela fina!