Jogaram-me inúmeras pedras,
mesmo providos de erros
Arrancaram-me minhas ascendências,
fizeram dos meus dias enterros
Sequer me deram condolências
Trataram-me como um sem-alma, nojento
Misturaram-me com os animais,
por causa de um acidente em meu pigmento
Herança de meus povos ancestrais
Vejam o que fez um mesquinho pensamento
dotado de seu próprio ídio
Era sem nenhum pudor e lamento
que cometia seu genocídio
Muitas eram as tormentas
Muitos eram os gritos de “parem com isto!”
Mas o mesquinho pensamento insistia,
dizendo que fazia em nome de Cristo
As culturas que, por ora escravizadas,
Céu e Inferno não cultuavam
Mas recebiam as incicatrizantes chicotadas
em nome do Soberano que aqui pregavam
Não tinham escapatória,
eram insultos a todo lado
Cuja cor, pois, que em mim manifestava
Era símbolo de pecado
Vejam o imbecil que é
o homem, aqui, minha gente!
Diante das inúmeras atrocidades,
considera-se um ser inteligente