Pseudofruto

Jabuticabeira,

tu és o mais belo dos arbustos

mas, para evitar conflito com os outros frutos,

de jabuticaba eu irei te chamar

 

Jabuticaba,

a minha divina astuta

diz que tu és a mais bela fruta

existente em meu pomar

 

Jabuticaba,

o que minha intuição percebe,

é que o teu olhar concebe

a origem de meu admirar

 

Jabuticaba,

dizem que o poeta finge

Sendo assim, eu conservo a esfinge,

e digo que não quero de ti provar

 

Jabuticaba,

toda vez que tu me deixas,

as folhas de tuas multicoloridas madeixas

balançam e balançam-me ao teu caminhar

 

Jabuticaba,

de jambo são os teus tenros lábios

e, em teus conceitos sábios,

sabes que é de ti que eu estou a falar

 

Jabuticabas,

para não gerar carola mais,

o recinto em que vós morais

é o lar que pretendo e que hei de habitar

 

E, para que não duvideis de quais jabuticabas eu falo,

quero deixar bem claro

que vós estais agora em claro,

olhando para este simplório modo de eu me manifestar

 

 

A onipresente

Ela é uma tremenda prostituta,

uma meretriz, mercenária

Aceita qualquer trocado daquele que queira usá-la

Ela não dorme,

vara a madrugada sendo varada,

às vezes, em troca de nada

 

Ela é uma baita de uma vagabunda,

uma vadia, andarilha

E, neste vagar, ela dispensa vestes

Ela, sem escrúpulos, despe-se aos olhos de qualquer pessoa,

não tem vergonha sequer das ingênuas criancinhas

 

Ela é uma cruel genocida

Ela mata, seja no atacado ou no varejo, ela mata

Ela é má,

a causa de todos os tipos de contenda humana

Ela é o estopim das guerras entre os homens,

a mais voraz das bombas,

e que nem precisara por aqueles ser inventada

 

Ah! Se eu pudesse…

Acabaria com ela, agora, agora mesmo

Mas, infelizmente,

eu não posso,

pois seria também a minha autodestruição,

uma vez que ela já se entranhara em minh’alma

Ela me manipula o tempo todo,

ela é dona até de meus sonhos

 

Ela está aqui, em mim, ela está aí também

Ela é onipresente,

ela é dona do Todo

Mas eu ainda hei de dar a volta por cima,

e arranjarei um jeito em não mais sermos teus escravos,

em não mais precisarmos de ti,

maldita “Palavra”!