Eu sou puta,
e não prostituta
Mas cobro
E cobro barato:
somente o necessário
para ter o meu feijão ao prato
Eu não tenho fama,
tampouco grana
Pois não corro atrás de bola,
preferi ir à escola
Envergonho-me de, em todo tempo, ser agraciado
não quero, pois, cair no vício de pedir esmola
Semelhante a um casal, em sua intimidade,
sou uma tremenda puta em meu trabalho
O contrário tão somente,
é que faço tudo,
e nada valho
Puta…,
putativo cidadão eu sou,
suposto vivente entre os nobres senhores
Valho somente enquanto ensimesmado
fora isso,
sou privado de quaisquer valores
Rotularam-me de meretriz,
e isto é um grande e quase irreversível mal
pois, sendo assim,
eu certamente nunca ascenderei
Sobreviverei eu sempre na horizontal
Quão patológico é este tal de Capitalismo,
cujo sufixo mui me contaminara,
feito certa espécie danosa de vírus
ou qualquer outra mortal doença rara